O Inverno de 2005, marcado pela reduzida precipitação, provocou uma maior consciencialização de todos relativamente ao problema, já existente, da gestão sustentável de um recurso natural tão precário como a água. Para a Câmara Municipal de Lisboa (CML) esta não é uma preocupação de agora. Desde 2002 que a CML, através da Divisão de Matas, está a desenvolver e a implementar o GOTAR, um sistema inovador de gestão racional da água de rega. Os Parques Recreativos do Alto da Serafina, do Alvito, Moinhos de Santana, Bela Vista-Sul, Quinta das Conchas (num total de cerca de 335.000 m2) são alguns dos locais onde já se encontra o GOTAR em funcionamento.
O software escolhido foi o ER-NT Network, desenvolvido em Portugal pela empresa EngiRega, baseado em tecnologias de desenvolvimento recentes e inovadoras e feito à medida das exigências especificas da Divisão. O GOTAR faz a monitorização dos parâmetros meteorológicos e da disponibilidade de água no solo. Os dados são depois cruzados com as necessidades hídricas das plantas o que permite definir a rega de cada espaço verde em tempo real.
Com o GOTAR a CML pretende atingir os seguintes objectivos:
- Significativas poupanças de água (em média foi gasta metade da água que se gastava anteriormente);
- Simplificação do controle da rega, que passa ser totalmente automática, seja nos grandes espaços verdes onde existem sistemas de controlo dedicados, seja nos mais pequenos em que um sistema central activa os programadores de rega por SMS;
- Controlo de rupturas, que são automaticamente detectadas, reduzindo perdas de água e facilitando a organização dos trabalhos de manutenção;
- Automatização de fontes com poupanças de água e energia;
Só no primeiro ano, o investimento feito foi recuperado só em poupança de água. Tomando como exemplo o Parque Recreativo do Alto da Serafina, em 2004 o consumo de água para rega foi estimado em 56,5% do total verificado em condições semelhantes, sem o GOTAR instalado. A poupança foi de 29.400 m3 de água correspondendo a uma poupança de €35.180.
Outra vertente do GOTAR é o aproveitamento dos recursos hídricos subterrâneos, nomeadamente nas zonas regadas do Parque Florestal de Monsanto. É neste sentido que a CML está a desenvolver um protocolo de colaboração com 3 institutos onde, entre outros objectivos, se pretende avaliar o potencial hidrogeológico das formações presentes no Parque Florestal de Monsanto, fazendo o seu aproveitamento para rega. A rega da zona sul do Parque da Belavista já é realizada exclusivamente com água de um poço, sem recorrer a água da rede da EPAL.
Outras áreas de actuação estão a ser desenvolvidas ao nível do município, nomeadamente na escolha pelos projectistas de plantas menos exigentes em termos de água, no aproveitamento de água residuais tratadas para rega e lavagens, etc., no sentido de contribuir para a gestão sustentável deste recurso tão escasso que é a água.
Fonte: http://lisboaverde.cm-lisboa.pt/index.php?id=4042