Eficiência Hídrica em Edifícios e Espaços Públicos…

… O Caminho para a Gestão Sustentável da Água!!!

Campus de Aveiro quer ser exemplo de sustentabilidade também na área da Eficiência Hídrica

Posted by eficienciahidrica em 2011/12/29

Muitos visitam o campus da Universidade de Aveiro para observar alguns dos mais notáveis exemplos da arquitetura nacional. É também conhecido o pioneirismo da UA na formação e investigação na área do ambiente e da sustentabilidade. A UA quer ir mais longe e assumir a sua responsabilidade, afirma o Pró-reitor Claudino Cardoso, de integrar os saberes e as condições que oferece numa estratégia mais vasta de sustentabilidade, não só numa perspetiva de formação, mas também de exemplo para a sociedade e para o ensino superior. Por isso, tem vindo a desenvolver ações rumo ao projeto Campus Exemplar, agora também enquadrado no Grupo de Trabalho para o Campus Sustentável da European Council of Innovative Universities (ECIU).


O campus da Universidade de Aveiro (UA) está debruçado sobre a Ria de Aveiro, uma das principais zonas húmidas portuguesas que, para as aves migratórias oriundas dos continentes africano e europeu, constitui um lugar de descanso e reprodução, e Zona de Proteção Especial ao abrigo da Diretiva Europeia Aves, para além de estar protegida por outras Diretivas e várias Convenções. A Ria de Aveiro é também Biótopo Corine. O campus é, aliás, frequentado regularmente por várias espécies de aves, algumas protegidas – e também por isso visitado por fotógrafos da natureza –, de tal modo que esta biodiversidade justificou a publicação de um guia sobre a avifauna do campus da autoria de António Luís, professor do Departamento de Biologia da UA.

Neste sentido foi constituído, no âmbito do projeto Campus Exemplar, um grupo de trabalho para as áreas do Solo, Ecossistemas Naturais, Paisagem e Património que procura definir ações e acompanhar a evolução do campus em termos ambientais, paisagísticos e de defesa da biodiversidade. Por exemplo, na marinha Santiago da Fonte, propriedade da UA, tem vindo a haver intervenções para melhoria das condições de visitação e de acolhimento da avifauna, no âmbito de projetos de reabilitação e valorização turística do salgado de Aveiro no contexto europeu (o projeto Ecosal Atlantis está em curso). Foi proposto também um passadiço, ao abrigo do programa Pólis, com início na marinha, passando pela ponte pedonal sobre o esteiro de S. Pedro a finalizar no espaço cedido ao HortUA, um projeto de voluntariado para a educação ambiental e promoção da permacultura em meio urbano, coordenado pela organização Engenharia para o Desenvolvimento e Assistência Humanitária (EpDHA).

Certificação energética em curso

A vertente mais avançada do Campus Exemplar relaciona-se com o que se poderá designar como eficiência energética, racionalização dos recursos, controlo dos consumos e certificação. O programa de eficiência energética nos edifícios públicos lançado pelo Governo, em 2009, impulsionou a adoção destas medidas pelas universidades.

O Campus Exemplar contempla nove projetos e dois sistemas inovadores. Os sistemas inovadores são: o cartão único, que permite o registo magnético de assiduidade e de entradas e saídas de cada edifício, ao qual se associa outro sistema inovador que permite a gestão do funcionamento dos equipamentos (iluminação, aquecimento e outros) sem intervenção humana e o controlo remoto dos consumos.

Na iluminação, tanto no interior, como no exterior, as antigas lâmpadas têm vindo a ser substituídas por lâmpadas de baixo consumo, está a ser feita a correção de fatores de potência (em postos de transformação) e da qualidade energética, assim como a reabilitação de sistemas de ventilação e ar condicionado. Foram instalados painéis de aproveitamento de energia solar térmica nos edifícios com gastos regulares de água quente e painéis fotovoltaicos em vários outros edifícios, o que permite a produção de energia correspondente ao consumo médio de quatro edifícios do campus.

Quanto ao consumo de água foi realizada uma auditoria que permitiu constatar consumos exagerados no edifício da Reitoria, seguindo-se a instalação de equipamentos com regulação e temporização nas torneiras e autoclismos. Estas intervenções serão estendidas a todos os outros edifícios do campus durante o ano de 2012. Uma outra intervenção, no âmbito da racionalização dos consumos de água e já realizada, é o aproveitamento das águas pluviais para regas e bocas de incêndio com recurso a uma lagoa artificial que é também frequentada por diversas espécies de aves aquáticas. A este propósito, o Departamento de Engenharia Civil da UA dispõe de um grupo de investigação em eficiência hídrica dos edifícios, coordenado pelo Prof. Silva Afonso.

Os novos edifícios constituem uma oportunidade soberana para introduzir critérios de eficiência energética, facilitando o processo de certificação que a UA pretende aplicar a todos os seus edifícios no âmbito do protocolo estabelecido com a Galp e que envolve os departamentos de Engenharia Civil e de Mecânica. Nos edifícios em que se está a atuar, haverá, a breve trecho, planos de intervenção e monitorização e o objetivo, assinala o Pró-reitor Claudino Cardoso, é ter um plano para cada edifício do campus, passando a haver noção clara das características e necessidades em cada caso.

Pioneira na alta eficiência energética e baixo impacte

O edifício da nova Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro Norte (ESAN), localizado no que se designou Parque do Cercal, em Oliveira de Azeméis, concebido por uma equipa composta pela Estrutura de Projecto de Arquitetura e Desenvolvimento Físico da UA e por um conjunto de técnicos especialistas em eficiência energética, é um caso paradigmático em termos de sustentabilidade. Ainda em fase de concurso, é considerado um exemplo pioneiro de edifício público de alta eficiência energética e baixo impacte ambiental. Desde o início da conceção do projeto que a arquitetura do edifício obedeceu a princípios de sustentabilidade e, em particular, de eficiência energética, buscando um eficaz equilíbrio entre o aproveitamento da luz solar e as aberturas no sentido de manter constante a temperatura do interior. Logo na implantação, procurou preservar, tanto quanto possível, as manchas de folhosas autóctones (carvalhos e sobreiros, por exemplo).

Para a climatização do futuro edifício da ESAN, faz-se uso da energia geotérmica, princípio também aplicado, embora de forma diferente, nos edifícios da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) e no Complexo de Interdisciplinar de Ciências Físicas Aplicadas à Nanotecnologia e à Oceanografia, no campus da UA. A temperatura do solo ajuda a regular a temperatura do edifício, ou seja, aquece ou arrefece (consoante a temperatura exterior) a água que corre nas tubagens existentes nas perfurações a 120 metros de profundidade e que estão ligadas ao sistema de climatização do edifício. A metodologia e tecnologia a utilizar são inéditas em Portugal, apesar de sobejamente utilizadas nos países do norte da Europa, e permitirão uma poupança de 70 a 80 por cento de energia na climatização do edifício. As previsões apontam para a conclusão do edifício da nova Escola Superior de Saúde de Aveiro em dezembro e entrega em fevereiro. Neste caso, a aplicação da metodologia de aproveitamento de energia geotérmica incluiu a inserção de 22 estacas termopermutadoras a 150 metros de profundidade, a ligar a bombas de calor, que resultará numa quase autossuficiência em termos de energia para a climatização, dado que a temperatura constante no subsolo, tanto de verão como de inverno, é usada como forma de regulação da temperatura no interior do edifício. No caso do edifício no Complexo de Interdisciplinar de Ciências Físicas Aplicadas à Nanotecnologia e à Oceanografia, em que se prevê mais dez meses de obra, a aplicação de metodologias de aproveitamento de energia geotérmica não seria suficiente para um ganho energético e, por isso, será usada a biotermia, neste caso, uma conduta de águas residuais que passa no subsolo do campus como fonte de regularização térmica para a climatização do edifício.

Formação e investigação para a sustentabilidade

Estas experiências da UA, ao nível dos novos edifícios, que envolveram o contacto com especialistas internacionais, impulsionaram a criação de um grupo de investigação na área do aproveitamento de energia geotérmica e biotérmica.

Na formação e investigação da UA pontificam ainda, para além da Licenciatura em Engenharia do Ambiente, um Curso de Formação Avançada (CFA) em Eficiência Energética e Energias Renováveis, um Mestrado em Sistemas Energéticos Sustentáveis, e Doutoramentos em Sistemas Energéticos e Alterações Climáticas e em Ciências e Engenharia do Ambiente. Sem prejuízo de outros projetos que se possam enquadrar direta ou indiretamente no tema da sustentabilidade, da investigação nesta área destacam-se: o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar – laboratório associado – que dispõe dos grupos de investigação em “Química Analítica e Ambiental” e “Qualidade Atmosférica”; o CICECO – com o grupo de investigação “Reciclagem de desperdícios e produtos verdes” na linha de investigação 2; o Laboratório do Departamento de Engenharia Civil da UA (labCIVIL) que contempla a área de “Sustentabilidade na construção” e a ainda a eficiência energética e hídrica nos edifícios associadas ao Departamento de Engenharia Mecânica.

A já longa experiência da UA na formação e investigação em ordenamento do território e nas áreas de planeamento regional, urbano, estratégico e ambiental e de avaliação de impacte ambiental estão, evidentemente, relacionadas de forma estreita com as questões de sustentabilidade e, logo, também com o Campus Exemplar.

Quanto à mobilidade no campus, para além de medidas a articular com a Câmara Municipal de Aveiro que ainda não estão definidas, as intervenções têm passado pela ligação entre vários parques de estacionamento no campus e pela elaboração de uma proposta de regulamento de mobilidade que se pretende concluir em 2012.

Fonte: Universidade de Aveiro

Uma resposta to “Campus de Aveiro quer ser exemplo de sustentabilidade também na área da Eficiência Hídrica”

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